Você sabe discar? Veja esta história...
Num dia do ano de 2008, eu, minhas irmãs e meus pais fomos à casa da
minha vó para um daqueles almoços de domingo que reúne toda a família. Quando
chegamos, nossa caçula, que na época tinha 5 anos, notou que, no lugar do telefone,
havia um outro objeto, um aparelho para recepção e emissão de voz, mas com uma
rodela com números escritos em cada círculo dos buracos contidos na base dele.
Mas, tudo bem. Ela viu, apontou, se questionou e seguimos para o fundo da casa,
onde seria a comilança.
Tinha pratos, talheres e comida que não acabavam mais... A anfitriã
sempre se preocupava em agradar a todos os entes, que não eram poucos, e,
naquele dia não foi diferente. Cozinhou a manhã inteira para servir
macarronada, arroz, ovo frito, feijoada, polenta e até churrasco a Nelinha fez!
Eis que a tia Beth estava atrasada, só pra variar, e a vó pediu para que
alguém discasse para apressá-la. Não deu outra, a minha irmãzinha se
prontificou e foi correndo até a sala usar aquele instrumento que nunca tinha
visto. Eu a acompanhei para falar o número que ela deveria discar.
Ela pegou o aparelho e, sorrindo de orelha a orelha, colocou-o
corretamente no rosto, com uma extremidade no ouvido e a outra próxima a boca.
Até ai, tudo bem, afinal, não há tanta diferença dos telefones fixos e sem fio
de hoje. A dificuldade veio quando eu lhe disse o primeiro número: minha caçula
olhou para mim, olhou para o aparelho, segurou risada e, com o dedo indicador,
forçou no buraquinho com o número estampado, sem sucesso. Até que a ensinei a
rodar o disco.
Sempre que me lembro dessa situação hilária, penso
em como as gerações mudam sem abandonar certas expressões. O “disca pra mim”
quer dizer rodar o disco... O disco que só existe nesses telefones que não
utilizamos mais. E, ainda assim, utilizamos o “disque” ou “disk” para muitos
serviços atuais.
Embora o telefone de disco não seja mais usado, a
expressão “discar” está longe de ser rendida.
Autora: Amanda Tambara
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