De uma demência rara que se instalava entre os poucos que ousavam passar dos 60 anos, a doença de Alzheimer se transformou num dos maiores flagelos da senectude.
Estudos conduzidos em diversas partes do mundo mostram que,
aos 80 anos de idade, cerca de 20% a 40% das mulheres e homens já apresentam
sinais claros da doença. Daí em diante, esse número não para de crescer. Hoje,
é difícil encontrar uma família em que não haja um caso.
Alzheimer, a mais prevalente das demências, se tornou um
problema grave de saúde pública mundial, com implicações individuais, familiares,
econômicas e sociais.
Na Conferência Anual da Associação Internacional de Alzheimer, ocorrida na terceira semana de julho/2019, um grupo de pesquisadores de Chicago apresentou um estudo no qual foram acompanhadas 2.500 pessoas, por cerca de 10 anos, com a finalidade de avaliar o impacto de diversos fatores ligados ao estilo de vida, na instalação da doença.
Os participantes responderam questionários enviados
periodicamente para avaliar cinco tipos de atividades diárias que já
demonstraram interferir com o risco de adquirir demência: 1) dieta, 2) fumo, 3)
atividade física, 4) quantidade de álcool ingerida habitualmente, 5) níveis de
atividade cognitiva.
Os resultados mostraram que aqueles que não fumavam,
consumiam dietas com baixos teores de gordura, bebiam com moderação (no máximo
dois drinques por dia para os homens, ou um drinque diário no caso das
mulheres), praticavam pelo menos 150 minutos semanais de atividade física de
intensidade moderada ou intensa e mantinham estímulos cognitivos (leitura, escrita,
aprendizado, etc.) apresentavam menor probabilidade de desenvolver Alzheimer.
Até aqui, nenhuma novidade: diversos estudos já haviam
sugerido que esses fatores reduziam a probabilidade ou retardavam o
aparecimento da enfermidade. O achado novo foi a demonstração de que, quanto
maior o número de fatores ligados ao estilo de vida saudável, mais baixo o
risco de Alzheimer.
Aqueles que seguiram dois ou três desses fatores associados
ao estilo saudável, reduziram em 35% a chance de receber o diagnóstico da
demência. Essa redução de risco atingiu 59% naqueles que adotaram quatro ou
cinco dos indicadores citados.
Quando os autores isolaram os participantes portadores do
gene ApoE4 associado à predisposição genética, o mesmo efeito protetor aditivo
ficou documentado. Da mesma forma, a proteção aditiva dos fatores citados se
repetiu, quando os dados foram ajustados para a idade e o nível educacional.
A demonstração de que adotar dieta de baixo conteúdo
gorduroso, praticar atividade física com regularidade, moderação no consumo de
álcool, ficar longe do cigarro e manter a cognição ativa por meio do
aprendizado permanente podem ter efeito aditivo na prevenção da demência de
Alzheimer, traz esperança para os mais velhos – mesmo para aqueles com
predisposição genética -, uma vez que envolvem a adoção de medidas ao alcance
de todos.
Fonte: Drauzio Varella (https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/prevencao-do-alzheimer-artigo/)
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